Povoação rural rodeada de verdejantes campos, recortados por encostas cultivadas de vinhas, Monção é, desde o século XIII, concelho de homens livres. Terra de gente aguerrida, que se vê projectada da memória de Deu-la-Deu, a maioria dos habitantes que escapam à diáspora entregam a vida à agricultura de minifúndio onde o vinho Alvarinho é rei.
Erguida na margem esquerda do rio Minho e fronteira à povoação galega de Salvaterra, a proximidade com Castela, levou D. Dinis a ordenar a edificação do castelo de Monção com torre de menagem, cerca amuralhada e uma passagem semi-subterrânea até à linha de água. Afastados que são os tempos das guerras com Espanha, Monção é hoje uma pacífica e airosa vila do concelho de Viana do Castelo, onde à mesa se come um bom cabrito e se bebe o divinal Alvarinho da sub-Região Demarcada e anualmente se comemora a curiosa Festa da Coca.
Monção, com uma área de 211,0 km2, 19 837 habitantes e 33 freguesias, é um dos 10 municípios distrito de Viana do Castelo. Em 404 a.c. os Celtas conquistaram Monção e deram-lhe o nome de "Obobriga". Em 40 d.c. Monção era já uma importante vila romana, chamada "Mamia". Quando os romanos foram expulsos desta parte da Península Ibérica, Hermenerico rei dos Suevos, ocupou a vila em 410 d.c. restituindo-lhe o nome original de "Orosion", mas em Latim, ficando a chamar-se "Mons Sanctus". Mas esta hipótese levanta algumas dúvidas porque alguns historiadores afirmam que foram os Romanos que estabeleceram o nome de "Mons Sanctus" a Monção, aonde possivelmente teriam edificado um Monumento. Monção afirma-se, quando, a partir de D.Sancho I, a linha de fronteira pelo Minho ganha relevo estratégico. Devia por essa altura, estar já fortificada. Monção inicialmente situava-se em Cortes, mais tarde os seus habitantes deslocaram-se para Badim. D.Afonso III extinguiu a vila de Badim e da Penha da Rainha, para fundar a vila de Monção no local actual, que até então se chamava Couto de Mazedo. Nas Inquirições de 1258 recebeu o nome de "vila". O texto do foral dado em 1261, onde se sitam os "miles de Monçom" que têm regalias semelhantes aos de Valença, quer significar que se tratava de uma póvoa já fortificada. D.Dinis, envolvido em guerra prolongada com Castela, em 1306 promoveu a reforma total das muralhas e o levantamento de um castelo robusto com uma torre de menagem. Estas terras foram palco de emocionantes episódios de cavalaria e heroísmo, que entrelaçaram o nome de Monção ao melhor da história de Portugal. Primeiro na Idade Média e depois na Guerra da Independência, foi vítima constante de quase todas as lutas em que Portugal se envolveu. Curiosamente estas lutas têm como protagonistas as mulheres, as chamadas "Heroínas de Monção" dando o exemplo aos homens, ajudando-os, encorajando-os ou lutando a seu lado ou por eles. É o caso de Deu-La-Deu Martins, D. Mariana de Lencastre, condessa de Castelo Melhor, e o de Helena Peres.